Podemos mudar para melhor, tudo depende de nós e nossas
autoridades.
A democracia tem o mérito de estimular a renovação. Ninguém
é eterno e a saúde pode ser um tremendo fator de inibição da inteligência e
estímulo ao egoísmo, além, é claro, da educação, ética e a corte que rodeia os
poderosos.
Devemos ser otimistas e proativos. Para isso vivemos numa
época em que os meios de registro de sons e imagens, o processamento de dados,
a disponibilidade de informações, a facilidade de viagens etc. possibilitam a qualquer
cidadão mais atento às necessidades de sua comunidade aprender e colocar suas
análises para discussão universal, se quiser.
Naturalmente somos seres humanos com uma sequência bem
definida de interesses ao longo da vida. Isso estimula a alienação, o que é
perigoso, pois somos o produto, também, do ambiente em que vivemos e
contribuímos para existir.
Muitos podem se abster de falar, escrever, filmar,
fotografar, usar a internet e outros meios de registro e alerta de problemas e
propostas de soluções, afinal não temos a obrigação de entender o que a Ciência
e a Natureza nos ensinam. A inteligência e o grau de interesse social variam de
pessoa a pessoa.
O tempo passa, contudo, e chega a época em que de alguma
forma queremos ter orgulho do que fizemos e ainda somos capazes de realizar. A
mídia comercial, por exemplo, procura centrar qualidades e comportamentos que
lhe deem audiência, patrocinadores e muito dinheiro. Isso é ruim, pois a
telinha abre-se sem restrições à família, deseducando e servindo de base para
inúmeros pesadelos que observamos em qualquer aglomeração humana.
Devemos, contudo, insistir no apoio ao bom governo,
acreditar no que sabemos e aceitar contestações, afinal ninguém é dono da
verdade e todas as evidências podem estar erradas.
Tivemos nesse mês de janeiro de 2013 um exemplo catastrófico
do que pode significar a omissão de autoridades, empresários, profissionais e
entidades que simplesmente visitando a Boate Kiss devem ter percebido sua
segurança precária. As declarações feitas são patéticas e não restituirão a vida
das vítimas nem curarão as lesões intelectuais e físicas do povo de Santa
Maria.
De repente no Brasil inteiro descobriram dezenas de locais
em condições semelhantes. A reação enérgica poderá ter evitado tragédias
maiores. As concentrações humanas crescem aceleradamente e mais e mais é fácil
a criação de situações de risco, bastando, muitas vezes, um simples grito para
gerar pânico, um dos piores vilões de multidões.
Temos o hábito de registrar situações urbanas perigosas,
aproveitando uma educação a favor da segurança que um engenheiro eletricista é
obrigado a ter e exercitar. O resultado é espantoso e ficamos imaginando que
temos santos padroeiros fortes, pois em muitos ambientes existe um grande
potencial de acidentes graves.
O que pretendemos dizer como grande potencial?
Milhões de brasileiros jogam na Mega Sena apesar de vir
escrito no verso que a probabilidade de acertar com uma aposta é de um em cinquenta
milhões e quebradinhos (Qual é o "risco" de ganhar na Loteria?
Risco de acidentes?) ...
Nas cidades, estradas e em muitos esportes a probabilidade
de um acidente grave é muito maior, pior ainda, a formação de sequelas que só o
tempo dirá.
Isso implica em imensa responsabilidade para os
planejadores, projetistas, pessoal operacional, acionistas, todos aqueles,
enfim, que podem evitar tragédias.
Esperamos que a tragédia desse início de ano no Rio Grande
do Sul estimule os brasileiros a serem mais solidários tecnicamente. Depois que
os acidentes acontecem, o máximo que podemos fazer com as vítimas e seus
familiares é consolar e doar alguma ajuda.
31.1.2013
Cascaes
Cascaes, J. C. (s.d.). Qual é o "risco"
de ganhar na Loteria? Risco de acidentes? Fonte: Quixotando:
http://www.joaocarloscascaes.com/2013/01/qual-e-o-risco-de-ganhar-na-loteria.html