Momento de reflexões sobre a Engenharia de Segurança e a
governança responsável
Infelizmente estamos de luto e devemos respeitar as vítimas,
evitando ao máximo abordar temas oportunistas.
Assumindo o risco de falar do que aconteceu e traçar
paralelos, podemos e devemos, contudo, evoluir para que o que acontece no
Brasil não se transforme em mais notícias terríveis.
Somos um país jovem, com uma população enorme, inexperiente
e ingênua apesar de frequentarem até universidades. Os hormônios dominam
comportamentos, algo que conhecemos muito bem e agora observamos o resultado de
loucuras que os mais velhos fizeram.
A vivência profissional e pessoal obriga-nos a dizer,
escrever, gritar para nossos filhos, netos e bisnetos, amigos e amigas mais
jovens, brasileiros em geral que o mundo está mais perigoso e suas lideranças
oportunistas ou mal informadas, eventualmente distantes dos problemas que nos
afetam, podem fazer muito pouco diante da mídia televisiva de uma contra
cultura irresponsável.
A enormidade do acidente em Santa Maria deve fazer com que
todos os brasileiros sensatos e responsáveis usem seus recursos e ambientes
para debater o que está errado em nossas cidades.
Alvarás? Sim, é um dos problemas graves. Descobrimos atividades
em locais totalmente inadequados, só esperando o momento que algum veículo mate
pessoas que invadiram pistas que eram de caminhões, por exemplo.
Shows pirotécnicos? Além dos riscos à fauna e animais de
estimação, matam, aleijam e queimam pessoas. Temos até eventos dessa espécie
entre hospitais e maternidades, em clubes fechados e junto a multidões mantidas
“à distância segura”.
Velocidade de veículos? 60 km por hora em pista dupla e
estreita é criminoso, e isso é permitido em Curitiba nas canaletas, sem contar
a falta de sinalização adequada em cruzamentos e a não utilização de recursos
técnicos de orientação a motoristas e pedestres.
Calçadas? Onde existem
algumas são boas, as mais novas, mas os quase cinco mil quilômetros de ruas de
Curitiba mantêm essas faixas de servidão sob responsabilidades dos
proprietários de imóveis, como se fossem especialistas em energia elétrica,
água, esgoto, arborização urbana, mobilidade de pedestres idosos, crianças,
pessoas com deficiência etc.
Compreende-se que nesse Brasil incrivelmente centralizador a
maior parte da Receita Fiscal direta vá para Brasília (Constituição de 1988,
tudo menos cidadã), um lugar tão distante da gente quanto a Lua. Os municípios
são os primos pobres da União, apesar das inúmeras atribuições que carregam,
tudo agravado pelo compadrismo, companheirismo e oportunismos políticos que são
a grande praga brasileira.
O Brasil precisa de reformas urgentes, com certeza a maior seja
a educação de nosso povo. É difícil, entretanto, acreditar que isso seja
prioridade. No jogo do poder deve-se agradar os grandes meios de comunicação,
apesar de serem concessões delegadas, além dos patrocinadores de campanhas e
ONGs estrangeiras, se o Brasil quiser um lugar de destaque nos órgãos criados
pelas granes potências.
Poderíamos, quem sabe, colocar como prioridade a reforma do
estado brasileiro. Uma Confederação substituindo essa Federação mambembe
colocaria os pingos nos “is”, pelo menos nos estados mais responsáveis.
Nesse momento, com propostas mais simples e eficazes,
entretanto, podemos corrigir muita coisa valorizando a Engenharia de Segurança
e estendendo a obrigação de entidades e eventos que reúnam muitas pessoas que tenham
fiscalização e ajustes antes da realização desses amontoamentos de gente
extremamente perigosos.
Cascaes
28.1.2013
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