Motoristas e proprietários de veículos estão sujeitos a
multas sem prejuízo de processos adicionais. Quem dirige e, ou, é proprietário
de algum veículo motorizado pode até ser preso em flagrante se transgredir leis
e decretos em defesa dos motoristas, passageiros e pessoas externas ao veículo.
Além disso a obrigação de pagar seguro e de manter o carro em boas condições
reforçam o rigor no trânsito.
Vergonhosamente, contudo, apesar dos impostos e taxas os municípios,
estados e a União não tratam com a devida seriedade o que lhes compete, a
qualidade e a confiabilidade das vias transitáveis.
Nos municípios existe uma situação que por si só é
reveladora de nosso atraso cultural, a despreocupação da imensa maioria dos
prefeitos em relação às calçadas. É inacreditável ver, saber, sentir e estar
sujeito à displicência de autoridades e cidadãos que teoricamente têm a
delegação de fazer, manter, cuidar das calçadas.
O que falta?
Com certeza corporações faturam alto em cima da técnica e dos
direitos de intervenções profissionais, falta, contudo, jurisprudência e
organização para fiscalização e punição imediata de situações flagrantemente
perigosas e de indicadores de alienação em relação à vida e saúde dos
transeuntes.
Não bastasse o tolhimento da liberdade de ir e vir de
pessoas com deficiência(s), gente idosa e crianças, o cenário chega a pôr em
risco a vida de atletas ao forçar quem caminha a usar vias dedicadas ao
trânsito de veículos motorizados, de ruas a estradas.
O povo reclama e aponta a falta de hospitais e UTIs. Qual é
a taxa de ocupação desses lugares de atendimento por pessoas lesionadas no
trânsito? Quantos caminhantes são atropelados no Brasil? Existe estatística de
lesionados em acidentes nas calçadas?
Infelizmente até pelo desalento e sentimento de inutilidade
dos registros formais será difícil saber quantas pessoas se machucam
caminhando, pior ainda, quem cai acredita que a culpa é dela própria, afinal
não prestou atenção onde pisava...
Precisamos cobrar, exigir, formular propostas e ações a
favor dos pedestres.
Quem viver mais sentirá quanto é importante poder caminhar
com segurança em qualquer lugar.
Cascaes
28.3.2015