Subsídios, doações, qualidade e confiabilidade de serviços e
produtos
O livro (1822 - Como um homem sábio, uma princesa triste e um
escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o Brasil - um país que
tinha tudo para dar errado.) é um documento
imperdível , deveria ser leitura obrigatória a todos os brasileiros. Nele descobrimos
detalhes de nossa história que merecem até comparações com o momento atual do
cenário político brasileiro.
Entre muitas facetas de nosso primeiro Imperador D. Pedro I
podemos saber, lendo o livro citado (pg. 115), que diante de reclamações feitas em certa
ocasião contra comerciantes do Rio de Janeiro, que estariam lesando seus
clientes com medidas fora de padrão e em prejuízo de quem comprava seus
produtos, D. Pedro pegou o padrão que já existia no Brasil e foi às ruas
pessoalmente aferir, advertir e ordenar punições a quem estivesse roubando do
povo.
Em minha juventude algo que na época encantou meu pai foi
saber que o então governador de São Paulo, Dr. Jânio da Silva Quadros, ao ser
convidado a inaugurar uma rodovia recém-asfaltada, mandou parar o carro em um
lugar qualquer da pista e cavou para descobrir que a pavimentação não
correspondia ao especificado.
Em tempo, D. Pedro, ao assumir o comando do Brasil em crise
gerada pelo saque total do Banco do Brasil determinado por D. João VI ao partir
para Portugal, determinou redução de despesas e do próprio salário...
Infelizmente, “cherchez la femme”, o envolvimento de D.
Pedro I com a Marquesa de Santos levou-o a decisões desastrosas, isso sem falar
de sua extrema juventude diante da responsabilidade que herdou do pai e o
desafio de enfrentar e unir forças desagregadoras do Brasil à época.
E agora?
O Brasil de hoje mais parece aquele dos tempos pré-revolucionários
na França dos últimos Luízes, isolados em Versalhes e mal assessorados pela
Corte (Livros e Filmes Especiais) ; o resultado foi uma
sucessão de conflitos violentíssimos com o benefício à Humanidade da formulação
de teorias e documentos gerados no desespero do lamaçal francês.
Vivemos entre escândalos, CPIs inúteis, PECs mal cheirosas,
desgovernos e fantasias só suportadas graças à propaganda maciça de carnavais, vales
votos, copas e cozinhas nacionais.
O que é interessante nisso tudo é a omissão de entidades
profissionais que poderiam criar propostas saneadoras, o que fazem?
A dúvida, diante do cenário de tantas espertezas, advém da
aceitação tácita de serviços caros e/ou de péssima qualidade. A inflação volta
com força, os especuladores aplaudem e nossos políticos continuam servindo à
população da pior maneira.
No Paraná temos exemplos incríveis.
Pagamos água e esgoto há anos, só recentemente descobriram
que faltava metade do serviço.
O CREA e o SENGE “descobriram” depois de tantos anos que as
concessionárias de estradas no Paraná não fizeram obras e serviços importantes.
As leis a favor da Acessibilidade não são respeitadas, ao
contrário, ganham mais e mais prazos para serem respeitadas.
Nossas calçadas, autênticas faixas de servidão, são na
maioria delas intransitáveis porque hospedam postes, placas, lixeiras, abrigos
para ônibus, árvores, tubulações que afundam sob o piso etc. O culpado é o
mordomo, quero dizer, o proprietário do imóvel.
Exemplo clássico da falta de gerenciamento técnico eficaz é
a sequência de atos e fatos para decisões sobre tarifas e serviços no
transporte coletivo urbano de Curitiba e da RMC.
Candidamente as entidades formais responsáveis pelas
decisões aceitam números oferecidos pelas concessionárias. Fazem belos portais,
gráficos etc. Essa base de dados é justa, correta? Foi auditada por empresas de
auditorias técnicas independentes e sob contratos enérgicos de qualidade de
serviços?
Estamos fazendo subsídios ou doações às concessionárias?
O transporte coletivo precisa de subsídios. Isso é tão
importante que a cidade de Curitiba dedica espaços valiosíssimos ao sistema
local (canaletas, terminais) assim como aceita servir de cobaia para montadoras
colocando em operação veículos inovadores.
O custo de tudo isso aparece no bolso do contribuinte e do
usuário pagante.
Seriam, entretanto, doações?
Se as planilhas têm falhas a favor das empresas
concessionárias discute-se sobre tarifas técnicas fictícias, assim o esforço de
subsidiar vira doação maldosa...
O que intriga é que no Paraná temos profissionais de nível
internacional nessa área, será que algum dia foram contratados para avaliar o
que tem sido feito?
A evolução tecnológica viabiliza serviços de fiscalização
extraordinários, mas também cria caixas pretas e circuitos de dados facilmente
manipuláveis. Até o painel de contagem de votos dos senadores já foi objeto de
manipulações (Arruda é condenado por violar painel do Senado, 11
anos após escândalo, 2012) . Imaginem o que pode
estar acontecendo num serviço de dimensão metropolitana com dezenas de
concessionárias e atendendo milhões de pessoas...
Os erros podem ajudar ou prejudicar os concessionários e a
população, pior ainda, geram dúvidas insanáveis a menos que tivessem como serem
dirimidas pela realização periódica de auditorias do melhor nível técnico e moral
possível.
Vale a pergunta:
que empresas brasileiras, garantidas por grandes seguradoras, teriam
condições de realizar serviços de fiscalização e avaliação operacional de concessionárias
de serviços essenciais?
Nunca foram tão importantes quanto agora, quando vemos
desvios de todo tipo penalizando o povo brasileiro de diversas formas.
Infelizmente tudo o que se fez até agora foi insuficiente, falta
a boa Engenharia de Auditagem na constelação de vigilância e controle das
concessionárias.
Cascaes
4.5.2013
Cascaes, J. C. (s.d.). Fonte: Livros e Filmes
Especiais: http://livros-e-filmes-especiais.blogspot.com.br/
Gomes, L. (2010). 1822 - Como um homem sábio, uma
princesa triste e um escocês louco por dinheiro ajudaram D. Pedro a criar o
Brasil - um país que tinha tudo para dar errado. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira Participações S.A.
Terra. (20 de 8 de 2012). Arruda é condenado por
violar painel do Senado, 11 anos após escândalo. Fonte: Itaberaba em Foco:
http://www.itaberabaemfoco.com.br/2012/08/arruda-e-condenado-por-violar-painel-do.html