Qualidade de serviços e produtos,
um pesadelo brasileiro?
Dizem que os países exportadores
toleram leviandades em função da qualidade ética e rigor dos importadores. Assim
teriam equipamentos, peças e projetos selecionados para os lugares onde padrões
comportamentais e o risco de perder clientes pesaria mais em suas exportações,
enquanto para outros seria um “vale tudo” considerando imagens que
ultrapassassem as fronteiras dos clientes e o custo nem sempre baixo, pois em
muitos lugares admite-se inúmeros intermediários, eventualmente desonestos.
Nos países mais tolerantes
descobrimos que a estratégia dos exportadores vale para o mercado interno,
autóctone, dentro de suas fronteiras.
Em lugares que apreciam as
aparências, por exemplo, podem existir normas, regulamentos, portarias etc.,
mas geralmente contornáveis.
O mais impressionante é a
tolerância até com os lugares onde seus habitantes decidem morar. Da parte
externa às suas gaiolas e jaulas e até dentro de apartamentos, casas, casinhas,
escritórios, ambientes de trabalho e muito mais podemos ver facilmente o desprezo
pela qualidade, apesar da mídia, normalmente focada em desenhos até de
arquitetos e designers famosos. Pior ainda é sentir o desprezo pela vida do
cidadão “cliente”, usuário, pessoa com deficiência(s), idosa e gente ignorante,
alvo fácil de excelentes vendedores de sonhos e fantasias.
As entidades corporativas se
limitam a detalhes básicos à sobrevivência dos profissionais, não decolando do
nível que pretendem e sempre querendo mais; negociam tudo, principalmente a
qualidade de suas atividades, pois isso exigiria sinceridade e respeito ao
povo.
Talvez o ideal seja extinguir
tudo e substituir todos que falam em nome das corporações pelo equivalente à nossa
Polícia Federal, GAECOs, Poder Judiciário e Ministérios Públicos, simplificando
uma estrutura (onde existe) que só onera o cidadão sem os resultados esperados.
Normas técnicas e legislação? No mundo existem normas internacionais e leis de
países mais desenvolvidos que poderiam simplesmente serem traduzidas. O essencial
seria a existência de laboratórios de credibilidade em países mais sérios para
a certificação, auditorias e diagnósticos sujeitos a punições exemplares e
temidas pelos auditores. Certos “relaxamentos” justificariam Tribunais
Internacionais.
Felizmente no Brasil a mídia
comercial descobriu o jornalismo investigativo ao vivo e a cores e muitos
noticiários gradativamente criam sentimento de revolta, talvez de discussão
entre pessoas comuns longe das corporações e partidos políticos.
Note-se que a famosa “Academia”
não é exemplo de presença qualificadora. Nossas universidades gozam de
privilégios que eram mais do que necessários nos tempos das trevas filosóficas,
mas se mostram instrumentos de caprichos corporativos ruins.
Vivemos (pensando na segurança e
qualidade de vida) entre a cruz e a espada. A novidade nacional é a postura de
alguns grupos de magistrados e seus apoiadores que produzem processos
devidamente apoiados pela mídia e redes sociais, blogs, e-mails, arquivos
portáteis digitais, PCs e até celulares.
O Lava Jato, processo exemplar em
andamento, precisa de similares nas áreas técnicas para sabermos a origem de
tantos descalabros notáveis em tudo o que usamos, compramos e somos vítimas.
Infelizmente carecemos de
lideranças nacionais intocáveis e respeitáveis para o resgate da boa
Engenharia, isso sem falar de outras profissões, ficando apenas naquela que é
minha especialidade.
Cascaes
19.5.2015
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