Se é verdade não sei mas temos uma certeza, comprar algo com
qualidade...
A abertura do comércio internacional criou um desarranjo
monumental em torno da qualidade e confiabilidade. Com certeza os mais ricos
sabem e podem adquirir o que existe de melhor, e quem não é milionário?
O mercado internacionalizado para se viabilizar “fechou” os
olhos para as normas técnicas, o trabalho escravo, a ausência de padrões de
similaridade no trabalho, dumping e, finalmente, para a qualidade e
confiabilidade do que adquirimos.
Essa lógica contaminou tudo e atualmente quando resolvemos
comprar desde uma tomada até um local para morar arriscamo-nos a equívocos
monumentais. A boa engenharia, arquitetura, design, ergonomia, segurança etc.
deram lugar aos modismos e propagandas caríssimos, talvez mais eficazes do que
simplesmente escolher o melhor que possamos pagar.
Todos podemos ser enganados. Falam em leis e estatutos,
repartições públicas e Poder Judiciário, quem acredita realmente no sucesso
desses apoios?
Com certeza famílias armadas de bons advogados e
conhecimentos técnicos poderão ganhar algo, e quem não dispõe dessa artilharia?
Nossa, minha carreira profissional começou após curso na
EFEI (IEI quando comecei) em trabalhos de auditagem técnica, recebimento de
instalações de geração e alta tensão etc. e depois de um mestrado na UFSC em
área de estudos e mais adiante voltando aos laboratórios e ensaios.
O Setor Elétrico não costuma perdoar aqueles que se atrevem
a manusear suas instalações.
Passamos por muitas atividades, eu e minha equipe e assim
após a aposentadoria forçada e necessidade de troca de residência e convivência
mais direta com o povo via Lions em seus projetos sociais pudemos descobrir a
amplitude das improvisações em nosso país.
Pior ainda, chegando ao número fatal dos setenta anos com diversas
doenças sentimos o que significa a insensibilidade da má qualidade e falta de confiabilidade
de cidades e condomínios mais preocupados com a estética do que com a segurança
e funcionalidade.
É simplesmente inacreditável.
Querendo, ainda por cima, trocar componentes e comprar
eletrodomésticos procuramos lojas e portais, o que sentimos?
O Brasil cresceu demais nesses últimos anos. Partimos de uma
base técnica e de cidadania precárias. Ganhamos dirigentes sem formação adequada,
ou melhor, sem respeito pelo cidadão comum (Lava Jato, metrôs, mensalões
demonstram isso). Tudo isso somado a
crises cíclicas causadas pela má fé de partidos e pessoas dentro e fora do
Governo. Que desastre.
Dizem que as novas gerações vão viver mais. De que jeito se
deixamos para elas paradigmas tão errados?
É essencial para os jovens a compreensão de que herdarão um
Brasil carente de uma nova cultura; das urnas eleitorais às lâmpadas, da
educação ao esporte há muito a ser corrigido se nossos filhos e netos e
bisnetos não quiserem perder de forma vexatória (7 a 1?) para outros povos...
Enquanto não mudarmos estaremos comprando gato por lebre,
como diziam os antigos, traduzindo, gastando muito para continuar mais e mais
mal servidos.
Precisamos de competência e exigência de padrões razoáveis
de segurança, conforto, confiabilidade, detalhes que as embalagens e as
propagandas alardeiam de serviços e produtos raramente em sintonia com o que
dizem.
Cascaes
7.4.2015
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