A Engenharia levada a sério
Em viagem pela Europa mais uma vez tivemos a oportunidade de
ver obras e serviços bem projetados, planejados, executados, fiscalizados e
necessários. O capricho, provavelmente boas empreiteiras, é algo notável, ou
melhor, a legislação sobre obras públicas deve ser mais inteligente que a
nossa, capaz de travar qualquer projeto ou gerar oportunidades para empresas
sem condições de realizar o que é estabelecido em contratos e normas.
Não temos empresas preparadas para auditar com profundidade
o que se faz na área técnica.
É gratificante saber que existem povos que valorizam a
qualidade, a confiabilidade e a segurança do que fazem durante e após a
conclusão dos serviços de utilidade pública. Saíram do “reducionismo” dos
preços e valorizam a qualidade. Isso vale para todas as etapas, inclusive os
canteiros de obras.
O resultado é que as cidades são minimamente impactadas pelo
trabalho em execução e o povo é protegido tanto quanto possível e tudo tem boa durabilidade.
Em qualquer lugar desses países mais desenvolvidos o ser
humano é prioridade em sua relação com tudo o que se coloca ao seu redor, acima
e abaixo dele. Proteções vão desde barreiras modulares e bem feitas até
andaimes bem construídos, dando segurança também para os trabalhadores.
Placas alertam para responsabilidades e cuidados necessários
assim como sinais dinâmicos e luminosos se necessário são instalados para
segurança de todos. Não vimos as ridículas fitas isolando buracos, mas cercas
robustas o suficiente para conter transeuntes com deficiência(s), pessoas
idosas e crianças.
A qualidade dos projetos é compatível com a cidade, coerente,
não provocando aleijões e serviços precários como temos com os varais formados
pelas nossas redes aéreas. Sob o solo as cidades se energizam, se comunicam,
recebem água e gás e devolvem o que deve ser tratado e devolvido à natureza.
Por falar em meio ambiente é importante notar as cestas de
fibra que substituem as terríveis caçambas usadas por aqui. Flexíveis e com
capacidade para mais de uma tonelada de carga em Paris permitem coleta seletiva
de resíduos de construção (1) e até a formação de
canteiros temporários (2) .
Ferramentas, máquinas e veículos especiais, organização e
limpeza, ordem em canteiros denotam cuidados que também vimos no Japão em 1988
e na Europa desde 1977. No Brasil tivemos as décadas perdidas com a inflação
monumental diante de muitos erros gerenciais de quem governava o nosso país e
depois a neurose da Economia, que domina até hoje os noticiários e dispensa
qualquer cuidado maior além dos juros sempre estratosféricos...
Nossas faculdades e universidades se multiplicaram
explosivamente. Com certeza houve carência de bons professores e alunos em
condições de frequentar cursos superiores. Escolas técnicas viraram de
Engenharia sem mudança de comportamento e todo um conjunto perverso penalizou o
ensino superior no Brasil, que esperamos que mude gradativamente para melhor,
pelo menos por efeito de programas de estágio no exterior, turismo e
necessidade de empregabilidade em empresas mais sofisticadas.
Enquanto esperamos vamos sendo obrigados a suportar
fracassos hediondos que custam muito caro ao Brasil, pois além da corrupção
temos falhas lamentáveis atrasando, degradando e comprometendo o futuro de
nosso país.
Precisamos da Boa Engenharia e menos subserviência a lógicas
macunaínicas de alguns políticos poderosos e equipes de gravatinha mais
preocupadas com o famoso “mercado”.
O povo brasileiro merece, precisa e deve querer segurança e
qualidade em projetos, obras, instalações e serviços essenciais.
Cascaes
30.10.2014
1. Cascaes, João Carlos. Ponderações
engenheirais . Obras com responsabilidade real e competência. [Online] 1
de 10 de 2014.
http://pensando-na-engenharia.blogspot.com.br/2014/10/obras-com-responsabilidade-real-e.html.
2. —. Utilização de
sacos de fibra em Paris em substituição de caçambas metálicas . Mirante da
Sustentabilidade e Meio Ambiente e DEFESA CIVIL . [Online] 01 de 10 de
2014.
http://mirantedefesacivil.blogspot.com.br/2014/10/utilizacao-de-sacos-de-fibra-em-paris.html.
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